terça-feira, 4 de maio de 2010

Política brasileira: novos temas e novos atores


O cenário político brasileiro está se diversificando, está se modificando. Com a ascensão da economia brasileira e a mudança nos costumes e na religiosidade do país, a tendência é que surjam novos atores e outros adormecidos reapareçam.
Quando se fala em política, no nosso país, se pensa automaticamente em como a economia será conduzida. A principal issue é se o Estado deve intervir muito ou pouco. Em outros países a política é algo mais amplo. Nos EUA, por exemplo, a política externa e as moral issues, questões morais, como aborto, casamento gay, eutanásia recebem importância especial.
Nos próximos anos é possível que justamente nessas duas áreas, a política internacional e as moral issues recebam mais atenção na formulação das agendas políticas e eleitorais no nosso país. Vejamos o porquê de tudo isso.
Nesse governo, aconteceram três coisas muito interessantes: a economia brasileira cresceu; a crise internacional diminuiu o poder econômico e por extensão militar de muitos países ocidentais, como a Inglaterra, por exemplo, obrigada a abaixar o orçamento militar; e o Presidente Lula se mostrou extremamente carismático e amado no exterior. Esses três fatores combinados deram a esse governo uma projeção internacional muito grande, de modo que o Presidente Lula é considerado por muitos o maior estadista que o Brasil já teve.
É, aliás, um grande erro da campanha de Dilma Rousseff não investir nesse filão. Se a pré-candidata petista se ligar ao Presidente não só na imagem de boa gestora, mas também na de estadista, levará o voto dos nacionalistas.
Esse nacionalismo tende a crescer se os bons resultados da economia e da diplomacia continuarem. Prova disso é o lançamento do filme “Segurança Nacional”, onde a Abin tenta impedir um ato terrorista contra o SIVAM. No filme, o presidente é um cara durão que comanda um país com caças e serviço secreto. É interessante vermos o nosso país num filme nosso em que nossas instituições não são ridicularizadas, como costuma fazer nossos geniais cineastas. Para o bem da pátria, claro.
Além da política externa, vemos também o aparecimento de uma arena nas moral issues, chamadas em português de “Questões Morais”. Isso se dá por que os atores envolvidos nessas questões cresceram dos dois lados. De um lado o movimento GLS, ou GLBTT, que por causa do espaço recebido da mídia tem atraído a simpatia de muitos, aliados a grupos feministas, afro-brasileiros e “libertários” de uma forma geral. É a nova esquerda.
Percebe-se também o aumento das igrejas evangélicos e de seu capital eleitoral. A própria existência de leis anticristãs (termo evangélico) ou libertárias (termo libertário) já é um fator de legitimação para a existência da bancada evangélica. A existência dessas leis deve, paradoxalmente, aumentar a presença evangélica na política, além de manter os católicos no páreo. Nunca é demais lembrar que os libertários conseguiram o que nenhum ecumênico estava conseguindo: juntar católicos e evangélicos no mesmo barco, segurando a mesma bandeira e “amando-se mutuamente”.
Aparentemente nessas eleições essas mudanças não vão se fazer ainda. Não no nível presidencial, mas no legislativo é capaz de uma pequena amostra dessas tendências começarem a aparecer. A imprensa e os presidenciáveis não perceberam ainda a potencialidade eleitoral dessas mudanças, mas com o passar do tempo poderemos assistir a um aumento do leque do que é considerado um legítimo tema político. A política no Brasil parece estar ficando mais ampla e muito mais interessante também.

3 comentários:

  1. enfim, um blog de qualidade. parabéns, professor. o problema e que eu detesto política.

    abraço

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  2. Achei interessante ocmo no post vc soube colocar os pontos bons e ruins desse governo, sem fanatismos, apontando o que crescemos e no que poderiamos ter evoluido, bacana mesmo.

    http://www.pequenosdeleites.blogspot.com

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  3. É a política no Brasil já não é mais a mesma... esquerda e direita se misturam e a população brasileira está cada vez mais desacreditada nas formas políticas vigentes. E sinseramente, nenhum candidato tem o que o povo quer, muito menos o que o povo precisa. Algo me diz que essa vai ser a eleição brasileira com maior índice de votos brancos e nulos, a não ser que no período de campanha propriamente dito os candidatos apelem para temas sensacionalistas que chamem a atenção do "povão"... Quem conseguir mais pontos nessa "batalha" será eleito.

    Belo post... algo adulto pra variar o tipo de leitura que se tem nos blogs hoje em dia (como o meu por exemplo)
    Abraço

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