sábado, 27 de fevereiro de 2010

Arruda, Roriz e a intervenção federal


Muito se tem dito sobre o chamado mensalão do DEM e sobre a corrupção dos políticos de Brasília. Nós brasilienses temos o costume de revidar as acusações de que a cidade é um covil de ladrões dizendo que são os de fora que nos enviam a corja. O problema é que no caso do executivo e do legislativo do DF não há como nos defender, estamos entre os piores.
Não há quem pensa que o DEM é um partido se santos, mas no DF todos sabem (e inexplicavelmente ainda votam) que é no PMDB que reside o problema. Gosto de pensar que conterrâneos são cúmplices, comparsas, se entendem com um olhar. Bem, como esse post é mais destinado a pessoas que moram fora da capital, convém explicar o que acontece aqui.
Brasília era governada por um governador biônico, ou seja, indicado pelo presidente, e por uma comissão no Senado Federal. A cidade era uma pequena ilha da fantasia, afastada da miséria da maior parte do país com uma periferia que dista quilômetros do centro, mas com o envio de boa parte da renda do país.
Na época da presidência de José Sarney, este resolveu nomear Roriz como governador do DF. Roriz é um típico político coronelista, clientelista e patrimonialista, desses que envergonham aqueles que se identificam com a direita clássica. De família tradicional latifundiária, rapidamente Roriz percebeu como se perpetuar no poder. Ao tirar pessoas das ruas (na época existiam poucos moradores de rua em Brasília) e de lugares desfavorecidos da periferia do DF, as chamadas cidades satélites, e realocá-las em cidades construídas por ele, Roriz criou uma clientela.
O problema todo foi que Roriz, após usar terras públicas (a maior parte das terras do DF são da União ou do DF, públicas, portanto) na construção da moradia de milhares de pessoas carentes, percebeu o potencial eleitoral que essas clientelas que formara representavam e por trás dos panos incentivou a invasão dessas mesmas terras públicas. Se formou então uma verdadeira máfia de grileiros que foram eleitos por essas populações recém-chegadas (a maioria das pessoas do DF vem de fora ou é filha de pessoas de fora, Brasília tem poucos netos).
Se há alguém lugar em que se possa dizer que a direita é totalmente corrupta é no legislativo do DF. Essa malta foi criada nos tempos do coronel Joaquim Domingos Roriz, um homem que nem seus eleitores são capazes de chamar de honesto. É o famoso “rouba, mas faz”. O pior é que não faz. O legado de Roriz foi o inchaço de Brasília, que causou o aumento espantoso da criminalidade, e a completa degradação moral do legislativo do DF.
O ideal seria que Arruda ao sair levasse junto Roriz. O que espanta os brasilienses honestos é a possibilidade de prendermos Jack, o estripador e soltarmos Adolf Hitler, ou seja, não podemos prender Arruda e permitir que um dos últimos coronéis do país seja solto. Esse esquema de corrupção começou no governo passado e como qualquer brasiliense sabe (até seus eleitores) o titio Roriz dá aulas de corrupção a qualquer um, além de gerir mal a coisa pública, inchar a cidade, traficar terras públicas, encher o DF de cargos comissionados ocupados por funcionários fantasmas, ser truculento e cometer crimes eleitorais.
E o final do título desse post a intervenção federal? Por que deve haver intervenção federal? Porque só sobraria para o judiciário o governo do DF, mas o TJDFT também está incluso nessa mesma panela. Não todo ele, isso deve ser dito e repetido, na verdade uma minoria, mas minoria representativa, pois Roriz foi absolvido de crime eleitoral quando se acharam urnas adulteradas em um terreno baldio.
Roriz foi o grande inventor dessa máfia que governa o DF e agora, no PSC, quer voltar ao poder e provavelmente vai usar o discurso da moralidade. Confesso que tenho três esperanças: 1) Roriz é preso por corrupção, por ter inventado o mensalão do DF; 2) Roriz perde as eleições 2010 por ter seus eleitores se regenerado e tomado vergonha na cara; 3) Roriz, que já não está tão jovem assim, morre e vai prestar contas com o criador, que ao contrário do TJDFT não é leniente com a corrupção e não tem medo de ninguém.
Até lá espero pela intervenção federal para começar tudo de novo. Isso sim seria um indício de uma intervenção divina em Brasília, lugar tão carente de novos começos