sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Transgressores, bandidos ou heróis?



Nesse artigo, estou começando a escrever sem saber bem aonde vai dar. O próprio título que você leu antes de ler o texto só foi escrito no final, depois de eu ter terminado tudo. Isso quer dizer que eu ainda não sei qual é o título. Na verdade, dessa vez o título não importa, o que importa é o desabafo.
Os alemães têm uma expressão, zeitgeist, que quer dizer espírito do tempo, que retrata esse traço da natureza humana de seguir, muitas vezes cegamente, as tendências da época em que se vive. Os romanos também têm uma expressão, o tempora, o mores, que literalmente significa ó tempos (épocas) ó moral.
Qual é o espírito do nosso tempo? O que está tão próximo de nós que não conseguimos enxergar?
Talvez a maior incoerência de nosso tempo seja a pós-modernidade. A pós-modernidade, que a todos critica e a tudo desconstrói, é totalmente incompetente para desconstruir-se a si mesma. Exemplifiquemos.
Os autores pós-modernos fazem constantes elogios a todos os transgressores do planeta, a tudo o que é errado, a quebra de todas as normas. Por outro lado, vêem como inimigos, todas as autoridades e formas de governo. É como se toda a forma de governo fosse opressora.
Gostaria de ser irônico, mas vou direto ao assunto, a pós-modernidade é uma fraude. Se esses pseudo-intelectuais quisessem ser coerentes eles viveriam em uma sociedade criada por eles mesmos. Os hippies eram coerentes, detestavam o sistema e criaram outros micro-sistemas, as comunidades hippies. Já os pós-modernos, que influenciam o “pensamento” da esquerda, querem destruir importantes pilares da nossa sociedade. Vamos aos fatos.
No Brasil, a pós-modernidade se juntou ao que restou do moribundo marxismo para “iluminar” a esquerda. Vejamos o que acontece quando essa salada passa para o mundo real, mais especificamente, para a legislação criminalista.
Por ocasião da invasão do complexo do alemão, uma emissora de TV chamou um advogado criminalista para falar sobre os direitos excessivos dos presos. Vamos fazer uma pergunta óbvia, mas que para os cegos pelo zeitgeist não é tão óbvia assim, por que um estuprador ou um assassino confesso tem direito de sair da cadeia para visitar seus parentes? Alguém poderia explicar para os defensores dessa monstruosidade que a maioria desses presos não volta para a cadeia? É tão difícil entender isso? Bom, para resumir, ao advogado foi perguntado por que a lei permite tal disparate. O advogado criminalista deu duas respostas que infelizmente demonstram os sérios limites de sua formação. Primeiro ele disse que a lei era boa, mas que não era bem aplicada. Com todo o respeito, essa lei não é boa. Essa lei fere o direito das pessoas de bem serem honestas, serem pacíficas. A segunda resposta do advogado também foi bem infeliz, mas é constantemente repetida, como se todos os advogados fossem papagaios: “esse não é o momento de discutirmos sobre isso”.
Nesse momento eu paro de escrever. Coloco a mão em minha cabeça. Olho novamente para o texto. Preciso continuar.
O momento para discutirmos isso é agora! Sempre que um bandido mata uma criança ou comete qualquer outro crime bárbaro e a população exige justiça aparece algum (gostaria de dizer “algum idiota”, mas o texto se tornaria muito passional) pós-moderno, ou alguém dos direitos humanos, ou algum esquerdista, e diz que de cabeça quente não podemos discutir essa legislação.
Por favor, prestem atenção, a nossa lei penal é fraca, é ruim, é deficiente, e a solução é simples. Devemos manter os presos nas cadeias! Qualquer pessoa que não estiver sob efeito de drogas é capaz de entender isso! Perdoem-me o excesso de pontos de exclamação.
Vamos chamar os pós-modernos, os esquerdistas e os protetores dos bandidos genericamente de liberais. Por que os liberais não percebem que devemos aumentar as penas, diminuir a menoridade penal e acabar com os indultos, com todos os indultos, e com os saidões? Não tenho a resposta para essa pergunta.
A solução genial dos liberais é tão fantástica que ninguém, só eles compreendem. Consiste em soltar os bandidos e prender os policiais. É engraçado ver que as duas funções dos integrantes dos direitos humanos no Brasil são soltar bandidos e prender policiais que mataram bandidos. São mesmo genais esses liberais. Eles são os mesmos que defendem a descriminalização das drogas e depois cobram que as autoridades não fazem nada para coibir o avanço delas. Hipócritas! Vocês tiram da polícia o instrumento para agirem, depois reclamam que ela não age e se ela age vocês a denunciam como se nossos policiais, que dão a vida para proteger a liberdade que bandidos como vocês desfrutam, estivessem sempre errados.
Termino com outra pergunta. Vocês já perceberam que os liberais sempre estão do lado errado? Eles são a favor do aborto, e contra a pena de morte. Eles têm misericórdia de um traficante que queimou pessoas vivas, mas não tem mesma piedade por uma criança no ventre de sua mãe. Querem a legalização das drogas, mas reclamam que o Estado não faz nada para evitar sua disseminação ou para coibir seus danos. Querem a todo custo soltar os traficantes da cadeia, e colocar no lugar os policiais que os prenderam. Querem leis mais brandas para assassinos e estupradores, mas defendem que sejam presas pessoas que pensem diferente do credo soviético do governo. Exemplo disso é a lei da homofobia, que prende pessoas que discordem da conduta homossexual. Se essa conduta é certa ou não, não é assunto desse artigo, mas prender os religiosos, padres, pastores, e livres pensadores de forma geral, não é radical demais até para os liberais? Onde colocaríamos essas pessoas? Já sei, haverá muito lugar nas cadeias, depois que os liberais tirarem de lá os elementos de alta periculosidade. Como diria um bom liberal: “tiremos os traficantes, os estupradores e os assassinos das cadeias e coloquemos no lugar os policiais e os religiosos no lugar”.
Esse é o mundo que está sendo criado, um mundo onde tudo é invertido. É nesse mundo, cegado pela pós-modernidade e governado por loucos que vivemos nossas vidas. Até quando? Até quando deixarmos que esses insanos nos digam o que fazer e como viver, até lá, seremos governados pela tirania do relativismo moral.